SBT contratou condenado por pedofilia para preparar elenco de Chiquititas

O SBT contratou em 2013 José Roberto Silveira Filho (1950-2022), de nome artístico Beto Silveira, para preparar o elenco da novela Chiquititas (2013). Conhecido por ter trabalhado com artistas como Deborah Secco, Lilia Cabral, Larissa Manoela e Fabio Assunção, ele havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em setembro de 2011 pelo crime de abuso sexual de uma criança de nove anos.

Procurado pelo Notícias da TV, o SBT afirmou que desconhecia o crime pelo qual Silveira havia sido condenado e que não consultou a ficha criminal dele no momento da contratação, já que ele mantinha uma escola de atores em pleno funcionamento na época.

“Sua contratação como prestador de serviço se deu justamente por ter sua escola de atores, que na época atuava normalmente”, informa a Comunicação do SBT.

O estúdio ainda existe em São Paulo, mas parou os serviços de forma gradual após a prisão do preparador de elenco, em agosto de 2016. A página no Facebook foi deletada, mas o perfil do Instagram ainda está ativo –a última publicação é de julho de 2017.

“Nos workshops e gravações promovidos oficialmente pela emissora, o elenco infantil sempre esteve acompanhado de profissionais qualificados, como psicóloga, pedagoga e pediatra; e sempre mais de um desses profissionais. Como dissemos, as regras de governança e compliance para contratação de prestadores de serviços atuais estão muito mais rígidas”, justifica o SBT.

A denúncia

A reportagem apurou o caso envolvendo Silveira após a revelação feita pela ex-atriz mirim Duda Wendling no podcast BarbaCast, no início de junho. No depoimento, a artista contou ter ficado sabendo nos bastidores do SBT sobre a prisão do preparador em 2016, quando ele trabalhava em Cúmplices de Um Resgate (2015). Duda assegurou, no entanto, que não foi vítima de abuso.

A emissora rechaçou a fala da atriz. Disse que as declarações dela eram “totalmente infundadas” e reforçou que condena qualquer tipo de assédio e comportamento abusivo. De fato, o caso de assédio pelo qual Beto Silveira foi condenado não ocorreu no SBT.

No inquérito a que a reportagem teve acesso, consta que a condenação de Silveira se deu em setembro de 2011. Em 2014 foi expedido um mandado de prisão, e ele foi para a cadeia em 2016. Os trâmites corriam em segredo de Justiça para proteger a integridade da vítima, que o denunciou duas vezes: em 2000, quando tinha nove anos, por meio de um boletim de ocorrência feito pela mãe; e em 2009, ao completar 18 anos.

“Segundo a denúncia, o acusado teria ministrado aulas de teatro à vítima durante mais de um ano, sendo que, no decorrer desse período, teria convidado a criança para passar um fim de semana em sua casa, tendo a mãe da vítima permitido, uma vez que não conhecia nada que desabonasse a pessoa do acusado”, diz um trecho do inquérito.

O acusado negou peremptoriamente a acusação, confirmando, todavia, que a vítima tivera em sua casa em dois finais de semana, sem os pais. Disse que trabalha há muito anos em formação teatral, com crianças e adultos e que, na época dos fatos, tinha repercussão na imprensa. Alegou que a mãe da vítima parecia querer encontrar um pai para seu filho e o empurrava para ser amigo dele.

A investigação, no entanto, comprovou que houve abuso sexual contra a criança de nove anos. No documento, a pena determinada foi de oito anos e nove meses, inicialmente em regime fechado, posteriormente modificada para prisão domiciliar devido à comprovação de que Silveira sofria com o mal de Alzheimer.

Antes de sua morte, os advogados entraram com um pedido para que a pena fosse cumprida em regime semiaberto. Beto Silveira morreu em casa no dia 3 de maio de 2022, aos 70 anos, após sofrer um mal súbito.

Notícias da TV tentou contato por telefone com o roteirista Eugênio Silveira,  filho dele, sobre a condenação e a prisão que nunca haviam sido noticiadas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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